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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

AZEITE, TUDO O QUE PRECISAMOS SABER !!!




Pela primeira vez foi realizado no Brasil, o curso de sommelier de azeite da Internacional Extravirgin Oliveoil Agency. Um dos maiores especialista em seleção e controle de qualidade de azeites, o italiano Mauro Martelossi, comandou as aulas que aconteceram no Centro de Gastronomia do Senac Rio. A programação teve início na terça (10), com a mesa-redonda sobre azeites e dieta mediterrânea. Para quem aprecia o assunto, o especialista esclareceu algumas questões, com exclusividade para o blog De Origem Carioca, um dos mais conceituados do Brasil.

1. Quais as características básicas que definem um azeite de boa qualidade?

Um bom azeite de oliva extravirgem deve possuir um acentuado e harmônico frutado de azeitonas, além de conter sensações gustativas e olfativas de amargo e picante transmitidas pelos polifenóis presentes no azeite, que são um dos indicativos de qualidade do produto.

2. O que faz um azeite ser mais caro ou mais barato que o outro?

É preciso explicar que, existem azeites de oliva, azeites de oliva extravirgem e azeites de oliva extravirgem de excelência. Contrariamente ao vinho, o azeite bom é o azeite novo, jovem e bem conservado. Já na origem o azeite de oliva extravirgem possui um custo muito alto em função dos elevados custos de produção. Um azeite de qualidade deve possuir características sensoriais que produzam emoções seja para o paladar, seja pelo olfato e deve garantir uma composição química de alto nível que confira um aporte saudável ao produto.

3. Sua dica para os consumidores se guiarem na hora da compra (informações do rótulo que podem ajudar na escolha entre um produto ou outro).

Em todos os rótulos se lê “azeite de oliva extravirgem”, mas isto não basta. As embalagens atuais são ricas em detalhes bombásticos e genéricas descrições de benefícios para a saúde, mas até o consumidor mais leigo em matéria de azeites constata que nem todos os extravirgens são iguais. No momento da compra, na grande maioria dos casos, o comprador pode usar dois indicativos: o preço e o rótulo, mesmo com toda a confusão que as informações nele contidas podem gerar. Para resolver esta questão, é necessária uma campanha de educação e sensibilização dirigida aos consumidores que ainda não tem a possibilidade de conhecer os aspectos qualitativos do produto, nem como utilizá-lo corretamente.

4. Qual a melhor forma de armazenamento?

São três os grandes inimigos do azeite de oliva extravirgem: a luz, o ar e o calor. Por este motivo deve ser conservado em garrafas de vidro escuro, sempre fechadas, em lugares frescos e longe de fornos, como nas prateleiras mais baixas dos armários de cozinha/despensa, onde não há variação de temperaturas.

5. O Brasil tem dado os seus primeiros passos na direção da produção de seu próprio óleo de oliva. O Sr. acredita ser possível uma produção própria dentro de alguns anos? Qual a principal dificuldade que o país enfrenta, o clima?

Este não é um argumento que se pode desenvolver em poucas linhas. Nos últimos anos, muitos países se dedicaram à produção de azeites de oliva, sem considerar atentamente custos x benefícios antes de empreender nesta estrada que é difícil e custosa. O Brasil localiza-se no hemisfério sul e, antes de dedicar-se ao cultivo de azeitonas deve considerar as pesquisas científicas que evidenciam as dificuldades produtivas existentes neste hemisfério, principalmente as repentinas modificações dos componentes químicos do produto que o fazem degenerar muito rapidamente. Em todo o hemisfério sul, somente o Chile não enfrenta esta problemática, em função da Cordilheira dos Andes e dos ventos frios do Oceano Pacífico.

6. Qual país produz o melhor azeite?

São muitos os países produtores de azeite de oliva de excelência. No que diz respeito ao hemisfério norte, tanto a Espanha como a Itália têm a “parte do leão”, tanto em qualidade, como em quantidade. No hemisfério sul, a excelência absoluta é, sem dúvida alguma, do Chile. Basta dizer que, nos últimos três anos, o maior número de prêmios e reconhecimentos conferidos pelo Concurso Internacional de Azeites Harmonia foram arrebatados pelos espanhóis e chilenos.

7. E os azeites orgânicos, estão ganhando mercado? São uma realidade?

Efetivamente, os azeites biológicos estão conquistando uma boa fatia do mercado, mas estou certo que, em breve tempo, muitas coisas vão mudar neste setor. Primeiro, existe o fato de que a produção orgânica não permite o combate integrado de parasitas e, como conseqüência, a qualidade do produto vai variar em anos alternados. Em segundo lugar, vem a questão da credibilidade dos organismos de certificação que cada vez mais frequentemente estão sendo objeto de investigação, não só jornalística.

8. É verdade que o azeite, quando aquecido, perde suas propriedades?

Uma das técnicas de degustação é aquela de elevar a temperatura do azeite a 30º à fim de perceber melhor seus aromas voláteis. Se a temperatura for elevada aos 45ºC, todos os aromas se evaporam. Por isso, afirmei anteriormente que existem azeites que vão para a boca ou para a panela, ou seja, para ungir e para condimenta. Um azeite com acentuadas notas frutadas, se usado a cru sobre alimentos valorizará tanto o prato como o azeite, além de proporcionar satisfação aos comensais.


9. Ao que o Sr. atribui esse aumento progressivo no interesse das pessoas sobre o universo dos azeites? Afinal, o azeite é o novo vinho?

Existe uma grande pressão por parte de empresas produtoras de todo o mundo para a promoção do azeite de oliva. Diz-se que se produz muito, mas muito pouco daqueles que podem satisfazer às exigências do consumidor. O papel da International Extravirgim Olive Oli Agency é formar profissionais do setor para tornarem-se formadores de opinião e comunicadores deste verdadeiro “néctar verde”. Por este motivo, há três anos, com a autorização do Ministério da Agricultura Italiano, organizamos cursos oficiais para formar degustadores aptos a atuarem em painéis oficiais de degustação. Estou convicto que só o profissionalismo é relevante e por isso desejamos formar um número considerável de sommelier de azeite no Brasil, país com enorme potencialidade no setor da gastronomia e da restauração.

10. Qual o azeite mais caro do mundo?

O custo de produção do azeite é igual em qualquer parte do mundo. Existem empresas que vendem azeites a 8 Euros o litro e outras a 40 Euros. Existem empresas que aumentam enormemente os preços como estratégia de marketing e comunicação. O consumidor ingênuo é levado a pensar que um produto que custa mais caro é melhor. Nada mais falso e equivocado.

( Matéria Publicada em 06.10.2009 no blog "De Origem Carioca". Acesse já : http://vejabrasil.abril.com.br/blog/de-origem-carioca/ ).

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